26 agosto, 2007

O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum)




Na nova era das trilogias, os terceiros filmes nem sempre são os piores. Na verdade, a moda agora é no mínimo manter, mas tentar com que o último seja o melhor. Piratas do Caribe não conseguiu, mas na trilogia do assassino amnésico Bourne, há pelo menos um empate técnico. Paul Greengrass, o mesmo que dirigiu o segundo filme da série, também muito bom, mantém aqui o ritmo alucinante da aventura, sem perder o tom. E, o que é melhor, o roteiro também segue a linha dos primeiros, relembrando inclusive as pistas anteriores além de acrescentar novas.

O estilo "câmera nervosa" marca o passo do filme. Uma das poucas ressalvas, há momentos em que ela poderia ser evitada, especialmente no começo, quando ainda não há muita ação. Mas é um recurso inteligente especialmente para as cenas de perseguição e lutas, já que a confusão gerada por personagens e ponto de vista em movimento facilita a captação da cena - é tanto movimento junto que um deslize qualquer de continuidade passará despercebido até pelos mais fanáticos da perfeição. O cenário imperialista norte-americano é amplamente explorado, em uma das poucas produções a fazer uma referência séria àquela que é a maior crítica à agora conhecida NSA - National Security Agency - a agência que supostamente é capaz de interceptar toda e qualquer comunicação feita por meio eletrônico no planeta. Aqui, é justamente uma dessas interceptações, em uma conversa pelo celular de um jornalista inglês, que dá a partida na história. Uma palavra-chave é dita na conversa, e imediatamente reconhecida pelos computadores da NSA.

Matt Damon já não tem mais a carinha de adolescente bombado do primeiro filme, e isso também é bem utilizado na trama. Um Bourne mais maduro não perde muito tempo com romantismos, o que faz com que o filme tenha a duração exata para manter o interesse até o final. As ótimas participações de David Strathairn e Albert Finney combinam-se muito bem com o retorno de Joan Allen e Julia Stiles - aliás, é o mistério que permanece, uma ligação sugerida entre Nicky Parson, a personagem de Julia, e Bourne.

Quando resolveram refilmar um quase desconhecido filme para TV com Richard Chamberland no papel principal, provavelmente não contavam que teriam que levar o filme até o terceiro episódio. Felizmente, para o bem da nossa diversão, não deixaram que os vários fatores que podem fazer as continuações degringolarem atuassem, e temos o belo fechamento de uma das melhores peças da "teoria da conspiração norte-americana".

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