18 novembro, 2007

A Loja Mágica de Brinquedos (Mr. Magorium's Wonder Emporium)




Zach Helm estreou no cinema como roteirista do excelente Mais Estranho que a Ficção - pelo qual foi comparado ao atual mestre dos roteiros nonsense Charlie Kaufmann, de Quero Ser John Malkovich. Mal fez seu nome escrevendo, já passou para a direção, comandando seu próprio roteiro em A Loja Mágica de Brinquedos. Dessa vez não é tanto o nonsense que impera mas, como o título brasileiro diz, a magia. O Sr. Magorium viveu plenamente seus 243 anos e deseja partir. É realmente necessário. Afinal, o último dos vários pares de sapato pelo qual se apaixonou em Toscana, e do qual comprou o suficiente para durar por toda a sua vida, já está em seus pés, e surrado. Mas isso não o incomoda. Ele vai deixar a sua maravilhosa loja para sua gerente, a pianista Molly Mahoney, cuja primeira grande obra ainda está em composição.

Não há como não lembrar de outras produções com temas similares, como A Fantástica Fábrica de Chocolate - especialmente na versão de Burton - e A Revolta dos Brinquedos. A Loja Mágica encaixa-se com perfeição no segmento, remetendo àqueles mas mostrando bastante personalidade. A história criada por Helm tem as doses certas de humor, sensibilidade e magia. E é auto-explicativa; cada movimento é separado em capítulos, que marcam o final da história do Sr. Magorium e, conseqüentemente, o início da de Mahoney. A fotografia, colorida como deve ser, e o ótimo cenário da loja, marcam muito bem o clima e o tom.

E Helm mostra-se também competente com seus atores. É bem verdade que contou com um excelente elenco. O veterano Dustin Hoffman - que estava no filme anterior do ainda apenas roteirista Zach - está totalmente à vontade no papel do excêntrico Sr. Magorium. Interpretando a insegura Molly Mahoney, pianista de grande potencial mas que ainda não descobriu o seu brilho, a excelente Natalie Portman, em uma atuação singular. Fazendo o contraponto infantil com uma atuação memorável está Zach Mills como Eric, o garoto que tem o chapéu certo para cada ocasião, mas não tem amigos. Completando o elenco principal como o contador mutante, Jason Bateman mostra-se competente no seu papel.

Assim como Molly não está confortável com a partida do Sr. Magorium, também a loja mostra-se incomodada. E a forma como cada pequeno ponto no filme completa seu ciclo, cheio das simbologias que também são características dessa classe de filmes, mostra que Helm tem também uma boa mão para a direção. Ele tem o equilíbrio suficiente para encerrar a história no ponto exato, quando Molly descobre que sim, tem a magia necessária para dirigir a loja. Adoraríamos que a produção fosse um pouco mais além e mostrasse os primeiros momentos depois da epifania de Mahoney mas, como bem explicado no começo, essa é uma outra história.

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