30 dezembro, 2007

Santos e Demônios (A Guide to Recognizing Your Saints)




Vez por outra no cinema somos surpreendidos por um nome desconhecido e uma história envolvente. O filme Santos e Demônios é a estréia na direção de Dito Montiel, que assina também o roteiro e o livro em que se baseou, sua autobiografia. A história em si não é tão desconhecida: o rapaz que mora em um bairro pobre de Nova York e consegue escapar do círculo vicioso que já estava preparado para ele.

O que impressiona é como Montiel filma. Suas imagens, fortes sem precisar chocar, e a sua montagem são dignas de um cineasta experiente. O filme interpõe muito bem o pensamento do jovem Dito, ainda em Astoria e sonhando para sair, com o do personagem já maduro, que retorna para tentar cuidar do pai - e retomar a linha do seu passado. É muito fácil concordar com a vontade do autor de se livrar daquele ambiente hostil e nocivo, ainda que nele estejam suas raízes e que haja aspectos positivos. Quando todos vão contra o desejo de ir embora, sentimos a empatia habilmente trabalhada pelo novato diretor, que tem ainda a sensibilidade de dizer apenas o mínimo necessário, apenas o que nos fará compreender a história.

A produção foi muito bem ancorada com um excelente elenco. O jovem Shia LaBeouf, o astro do momento, representa o jovem Dito, e não deixa nada a dever para o experiente e eficiente Robert Downey Jr no mesmo papel, como adulto. Chazz Palminteri e Diane West são coadjuvantes no papel dos pais, e ajudam o jovem astro a conduzir sua atuação na medida. Outros rostos conhecidos aparecem, mas o brilho do filme está nesses quatro.

Uma boa surpresa, é como podemos chamar Santos e Demônios. Uma excelente estréia de Dito Montiel, mostrando boa mão no roteiro e na direção, e manipulando muito bem o estilo "filme de bairro de Nova York". Há na película momentos realmente soberbos, como quando os personagens se apresentam falando não apenas os nomes, mas também dando um resumo da sua personalidade - e indiretamente dizendo como isso afeta o personagem principal. Pena que a tradução do nome perca um pouco essa característica, da busca do personagem pelo que havia de bom nas raízes que abandonou. O diretor novato já tem uma nova produção em andamento, com estréia prevista para 2008. Vale conferir se a qualidade que mostrou aqui se mantém e, quem sabe, colocá-lo como candidato a um posto entre os melhores diretores da nova geração.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e