02 fevereiro, 2008

Sexo Com Amor?




O gênero das comédias românticas, nos mercados cinematográficos mais desenvolvidos, costuma ser uma espécie de exercício para produtores, diretores, atores e equipe, algo para ganhar um dinheirinho entre uma superprodução e outra. O cinema brasileiro cresceu muito nos últimos vinte anos, mas ainda há um longo caminho a ser traçado, especialmente na cabeça dos espectadores. E aqui filmes bobinhos servem para que os nossos profissionais do audiovisual possam entrar em contato com uma produção diferente do estilo televisivo a que estão acostumados. Nada contra, pelo contrário. Mas às vezes parece que as oportunidades de experiência não são levadas a sério.

Sexo Com Amor é a estréia no mundo da sétima arte para várias pessoas já freqüentes na nossa telinha. O time, à primeira vista, parece mostrar alguma vantagem competitiva, mas o resultado nas telas não é dos melhores. Há um causticante desnível de performance, e um quase padrão. Alguns dos mais experientes estão um tanto perdidos, enquanto novatos saem-se bem. O diretor Wolf Maya, em seu primeiro filme, comete muitos dos erros que o seu colega de Globo Jaime Monjardim cometeu em Olga, e não consegue "falar" a linguagem cinematográfica, filmando como se fosse para uma novela. José Wilker, veteranasso em frente e atrás das telas, é incrivelmente uma das piores atuações da fita. Empata nariz a nariz com Reynaldo Gianecchini - mas deste ninguém espera muito mesmo. Malu Mader, também das antigas, faz um papel muito mais coadjuvante, e mostra bem que não estava interessada em gastar seu talento aqui, mas tudo bem. Mas nos novatos, há algumas qualidades. Carolina Dieckmann, estreando no cinema, está muito bem, sem exageros. A novidade Maria Clara Gueiros e a novíssima Natasha Haydt são as que mais aproveitam o momento. Todo o resto apenas se equilibra.

Não são 90 minutos totalmente perdidos, porque o filme é engraçado e diverte. Mas o roteiro se perde ao tentar dar andamento a três histórias paralelas, e contar muito em pouco tempo. Trazendo muitos vícios da TV, a produção careceu de algum direcionamento, algo que desse forma ao roteiro e servisse de guia à equipe. Em um momento com tantas boas produções disputando espaço nas telas - em alguns lugares é possível ter todos os cinco indicados a melhor filme no Oscar 2008 ainda em exibição - este brasileiro provavelmente não vai tão longe quanto algumas boas películas verde e amarelas vêm fazendo.

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