28 junho, 2008

As Aventuras de Molière - Um Irreverente e Adorável Sedutor (Molière)




O cinema europeu vai ser sempre um destaque ao artificialismo dos norte-americanos. Mas, vez por outra, também o velho mundo aventura-se por fantasias que tornem a sétima arte um pouco mais divertida. As Aventuras de Molière vale-se de uma passagem inventada da vida do famoso dramaturgo francês para nos trazer um filme leve e simpático. É interessante que o espectador conheça ao menos um pouco das impagáveis sátiras de Jean-Baptiste Poquelin - nome real de Molière - para aproveitar realmente a fita, mas não é obrigatório.

A história tem a intenção de nos mostrar justamente a origem do Molière dramaturgo, o ponto de onde ele tirou suas primeiras inspirações. Para isso, usa de vários artifícios que as peças do francês possuem para manter o humor sempre a um passo da crítica social da burguesia da época - duas de suas peças formam o mote principal do roteiro. Funciona muito bem, com diálogos quase à altura do original. O diretoe Laurent Tirard consegue mesclar um pouco da fotografia das belas pinturas renascentistas com técnicas modernas, criando cores que variam conforme o clima da cena - também um artifício teatral em princípio.

O elenco, quase todo desconhecido para nós, é muito bom, alcançando ótimas performances. Romain Duris, que interpreta o personagem principal, é às vezes um pouco exagerado. Mas Laura Morante, que faz a rica senhora que acolhe Molière sob um pretexto do marido, é excelente. De forma geral, são todos atores experientes, capazes de fazer os personagens de Moliére conviverem harmonicamente com o próprio na trama.

Como bem gosta o cinema europeu, é uma produção que se classifica entre o drama e a comédia - que para eles é a representação da vida real. Ambas as partes andam juntas sem problemas, e a parte da comédia garante boas risadas. Para quem nunca se interessou pelo cinema francês, é uma boa oportunidade de ver como há coisas muito boas fora do circuito comercial dos filmes em inglês. Este é também comercial, mas com aquele toque de arte que só alguns independentes norte-americanos conseguem alcançar.

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