04 março, 2009

Dúvida (Doubt)




Dúvida é o tipo de filme que parece que foi talhado à perfeição. De uma força espantosa, que vem de múltiplas características da produção, é um caso raro de cinema muito bem utilizado. E utilizando uma história que veio do teatro, onde também amealhou admiradores. O responsável, tanto pela peça quanto pelo filme, é John Patrick Shanley, que escreveu e dirigiu ambos os formatos. Um nome não muito conhecido aqui, Shanley só dirigiu um outro filme, a comédia romântica Joe Contra o Vulcão - o primeiro filme em que Tom Hanks e Meg Ryan atuam juntos.

O roteiro, por si só, já é de um vigor incomum. A dúvida que o título trata aparece o tempo todo, inserida em um crime que nunca é dito, e nem precisa. Somos habilmente levados a acreditar ora em uma versão, ora em outra, e cada cena tem uma surpresa para apresentar, mostrando que o autor esmerou-se em aprofundar tanto quanto pode para nos deixar extasiados mas, ao mesmo tempo, sem uma opinião formada.

Dúvida é também um espetáulo de atuação. Dois nomes gigantescos, Meryl Streep e Phillip Seymour Hoffman, em atuações praticamente impecáveis, como acusador e acusado. E dois nomes não muito conhecidos, Amy Adams e Viola Davis, também dando um show de interpretação. Viola Davis, em apenas uma cena, consegue o que muitos não atingem em uma carreira inteira. Não é à toa que todos foram indicados para praticamente todos os prêmios da indústria.

Parece que tudo em Dúvida foi feito com esmero. Os diálogos excelentes, a produção bem cuidada, a iluminação sombria, e o roteiro irreparável. Com apenas esse filme, Shanley já entra no hall da fama. É daquelas produções que nos fazem sair do cinema extasiados. Não se preocupe, ao assistir, em descobrir a verdade. No filme como na peça, Shanley disse apenas ao ator interpretando o Padre Flynn o que de fato aconteceu, e a dúvida é o fio que costura essa bem amarrada história.

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