21 março, 2009

Gran Torino (Gran Torino)




Há alguns anos, saindo para ir ao cinema, topei com meu pai no corredor de casa. Quando disse onde ia, ele perguntou que filme iria ver, e disse que era o novo do Clint Eastwood. Ele respondeu que não sabia que faroestes me interessavam. Era 2003, e o filme, Sobre Meninos e Lobos. Disse rapidamente a meu pai que Eastwood, há tempos, era muito mais que faroestes e Dirty Harry - não consigo me lembrar a última vez que soube que ele foi ao cinema. Você, leitor deste singelo blog, provavelmente sabe que um dos mais velhos cineastas em atividade - ele tem hoje 78 anos - é também um dos mais importantes. Eastwood não erra há algum tempo, não seria aqui que ele iria errar.

Gran Torino é espetacular. Fruto de anos de aprimoração cinematográfica, de um estilo sem muitas marcas mas ainda assim difícil de copiar, e do fato de que há um bocado de talento por trás. Já a algum tempo podemos dizer que vale a pena assistir qualquer coisa que Clint Eastwood faça, seja ele o autor do projeto ou apenas o diretor convidado. Neste, ele teve a difícil tarefa de impor um ritmo suave a uma história cheia de tensão - e ainda atuar nela como um velho ranzinza. É impressionante o número de vezes em que caimos na risada com este filme, mesmo sem ser uma comédia, e mesmo sabendo o que virá mais a frente. É algo que não se aprende na escola de cinema, só na da vida do cinema. Conseguir colocar a comicidade bem medida nos contrapontos culturais de um veterano de guerra norte-americano e seus novos vizinhos Hmong, e fazer desses mesmos contrapontos, mas desta vez de gerações, o ponto central da trama, não é para qualquer um.

Com um elenco principal formado de novos atores - Hmong e descendentes - Eastwood consegue, como sempre, atuações excelentes, incluindo aí a sua própria. Imagine você ser um jovem não-ator e contracenar com Clint Eastwood num papel nada amigável. Foram papéis difíceis, mas muito bem conduzidos, mesmo, e principalmente, nas cenas em que os diálogos são no idioma Hmong - aqui ele usa a experiência de ter dirigido um filme todo em japonês.

E isso tudo sem mencionar os aspectos técnicos, da excelente fotografia aos cenários bem trabalhados. Cada pedaço é bem cuidado, tudo é pensado como uma peça cinematográfica única, da forma como deve ser feito. Como sempre no caso de Eastwood, é um filmaço, sem ressalvas.

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