09 novembro, 2009

Besouro




Besouro começou sua divulgação muito antes de ser concluído, e chamou a atenção de cinéfilos Brasil afora. Era de fato uma novidade e tanto. Um filme sobre um personagem brasileiro tão interessante quanto desconhecido, sobre a arte marcial nascida aqui, e feito com aspirações grandiosas. As primeiras imagens lhe valeram o apelido de "O Tigre e o Dragão brasileiro", bastante influenciada pelas coreografias e efeitos especiais de Hian-Chiu Ku, que de fato comandou o mesmo departamento no filme de Ang Lee, entre outros. Pouco a pouco, o interesse foi crescendo, em uma estratégia quase como a que vemos em grandes produções internacionais.

João Daniel Tikhomiroff dirige seu primeiro longa com um bom aproveitamento das paisagens baianas, algumas tomadas muito boas, e também um ou outro diálogo ótimo. Perde um pouco o ritmo e alguns momentos, e deixa de aproveitar a história em outras. Fotografa muito bem, realçando o amarelo da região. Quase tudo está muito bom. Uma pena que não se possa dizer o mesmo do elenco.

Aílton Carmo, capoeirista de verdade, consegue bons resultados nas cenas de ação como Besouro - que infelizmente não são tantas quanto poderiam. Mas ele ainda precisa de muito treino como ator. Chega a ser curioso a forma como a câmera parece fugir dele justamente nos momentos das suas falas ou em que seria exigido dele a demonstração de alguma emoção. Sua cara fechada mirando o horizonte, entretanto, é farta na película. Um contraste e tanto com a ótima atuação de Flávio Rocha, o Coronel, e do talento potencial de Jessica Barbosa, a Dinorá.

O grande problema de Besouro é a quantidade de "quases" - cada um deles afastando mais de um ótimo filme. A indefinição entre um filme histórico e de ação, a perda do ritmo em pontos chave, e o elenco pouco trabalhado atrapalham. Ainda assim, merece muito ser visto, como representação do que o nosso cinema pode fazer, em termos de roteiro, personagens e produção como um todo. É um filme que não muitos anos atrás seria inimaginável, e por isso é bom que, mesmo não sendo perfeito, ele tenha chegado às telas com algum destaque. Merece uma nota boa pelo pequeno marco que representa no cinema nacional.

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