07 novembro, 2010

Tropa de Elite 2




O primeiro Tropa de Elite chamou a atenção dos brasileiros por ir parar nas bancas de filmes piratas meses antes do lançamento. Quando finalmente chegou aos cinemas, mostrou que mereceria o boca-a-boca mesmo sem esse infeliz episódio. O segundo evitou o contratempo com um esquema fortíssimo de segurança - segundo a própria produção - e buscou ganhar seu terreno pela qualidade antes que pela pirataria. Conseguiu. Se no 1 assistíamos embasbacados um argumento irrefutável - as classes média e alta alimentam a violência e o tráfego de drogas - neste somos novamente levados à triste realidade do nosso país.

Confesso que quando soube da intenção de fazer esta continuação fiquei levemente desapontado. Continuações normalmente são produtos que buscam unicamente aproveitar melhor o lucro - não que, algumas vezes, sejam continuações que realmente valham à pena. Saí do cinema satisfeito, apesar de chocado. A mensagem bastante clara da podridão da nossa política veio aliada à uma demonstração única de amadurecimento do nosso cinema. É uma continuação com intuito comercial, mas que sabe aproveitar de forma excelente a própria existência.

Wagner Moura volta como o agora Coronel Nascimento, 16 anos depois do primeiro filme. Ele mostra também o grande ator que é, ao colocar na tela um oficial do BOPE que sofre as amarguras de conhecer o sistema por dentro e ter pouco com que lutar, e ao mesmo tempo é um pai em busca de um contato com o filho. A narrativa aproveita muito bem todo o elenco, com performances ótimas, e um ritmo excelente que não se perde.

Como o primeiro, não é um filme fácil de assistir. Dói, revolta e constrange. É o bom cinema com mensagem, e é uma história que todos, de certa forma, conhecemos e lamentamos. É uma produção com qualidades em tantos níveis que merece ser vista, não importa o quanto a poltrona incomode.

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