17 agosto, 2011

A Árvore da Vida (The Tree of Life)





Terrence Malick filma há quase quarenta anos. Antes disso, formou-se me filosofia em Harvard e dava aulas da matéria no MIT. Apesar do tempo de carreira cinematográfica, tem só cinco longas no currículo. Sua estreia na sétima arte, Terra de Ninguém, espantou de tal maneira a crítica que seu filme seguinte foi ansiosamente aguardado. E assim tem sido desde então, apesar do diretor só lançar uma nova produção a cada 5 a 10 anos. Um novo filme de Malick é, portanto, um evento. Ouvir que sua última obra ganhou a Palma de Ouro em Cannes com elogios rasgados só aumenta a expectativa.

Todas as obras de Malick tem uma forte base em sua formação filosófica. Por isso mesmo, são todos filmes não muito fáceis de assistir, com construção e ritmo que torna frequentes as evasões das salas comerciais por onde passa. A Árvore da Vida é o resultado de uma carreira de quatro décadas, então todos as características do cineasta estão altamente apuradas - o que representa um esforço adicional exigido do público. A história aqui é contada uma parte pelos personagens, e outra, talvez maior, pelas imagens. A edição riquíssima contou com a participação do brasileiro Daniel Rezende, de sucessos nacionais como Cidade de Deus e os dois Tropa de Elite.

O elenco é mínimo - o que reforça a necessidade da história ser contada não apenas pelos personagens. Basicamente temos um pai, uma mãe e dois filhos - há um terceiro, mas que não participa ativamente da trama. A história gira em torno da família e da sua perda, e do vazio que isso deixa no irmão mais velho. Brad Pitt faz o pai, ao mesmo tempo duro e carinhoso, com uma atuação centrada ao extremo, cada expressão cuidadosamente elaborada. A mãe é vivida pela pouco conhecida Jessica Chastain, com uma performance excelente. O filho mais velho, quando criança, coube ao novato Hunter McCracken, que não deve em nada ao seus companheiros mais velhos; Sean Penn dá vida ao filho quando adulto, em uma participação pequena mas cheia de energia.

O filme é lento e não linear. Malick chega a abusar da atenção da audiência ao interromper o primeiro terço da fita com uma sequência de origem do universo e da própria vida - mas não se engane, há um motivo para isso. É o tipo de filme que cinéfilos e críticos amam, mas que o público geral estranha, tamanha é a diferença do estilo do diretor. É uma peça cinematográfica fantástica, em que cada pequeno pedaço tem sua razão de estar lá, mas nada é mastigado. Coloque a cabeça para funcionar e arrisque-se, pois vale a pena.

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