12 janeiro, 2012

Imortais (Immortals)

Eu sempre gostei muito da mitologia grega. Quando criança, lia tudo que via pela frente sobre o assunto - nos tempos pré-internet não era tão simples encontrar referências. Sabia várias das histórias de cor, e sabia inclusive relacionar os nomes dos deuses gregos com os romanos. Desnecessário dizer que adorava também os filmes com o tema, quase todos um tanto trash na época, como o saudoso Fúria de Titãs. Pois se você, como eu, se interessa pelo assunto, uma recomendação: antes de assistir Imortais, simplesmente esqueça tudo. Ignore as aventuras, as relações entre os personagens, as origens, a personalidade. Esqueça. Imortais bebe numa falsa fonte mitológica, pegando apenas alguns nomes e nada mais.

A produção é excelente. Tons de laranja e dourado dominam a fotografia, supercloses para todos os lados - ao ponto do exagero - e cenários virtuais muito bem feitos. Cenas de ação usando o efeito propagado por Zack Snyder com seus 300 e Watchman, e usados também por Guy Ritchie em alguns de seus filmes, incluindo Sherlock Holmes. Efeitos especiais bem aplicados, cuidado no figurino e na maquiagem. Tudo para ser um grande épico.

Mas, além do fato de que não usa nada das já fantásticas histórias da mitologia grega apesar de usar os personagens, tudo acontece muito rápido, mas ainda assim sem ritmo. Tarsem Singh, em seu terceiro longa, tenta construir um estilo de narrativa fanstástica, que já mostrou no seu primeiro A Cela - que dividiu opiniões entre o bastante bom e o ingenuamente pretensioso - e com o segundo The Fall. Mas é preciso mais do que abusar de efeitos especiais para criar uma marca. Apesar do elenco bem escolhido, com grandes nomes como Mickey Rourke e John Hurt juntanto-se a novatos talentosos como Stephen Dorf e Freida Pinto, e a novos rostos como o futuro Superman Henry Cavill, a história parece sofrer de estrutura.

Singh, e os irmãos roteiristas Parlapanides, tentaram dar um contexto ao herói Teseu - que, nunca é demais falar, não tem nada a ver com o personagem mitológico da história do labirinto - mas não conseguem. As cenas de ação são muito boas, com alguma violência gráfica desnecessária, mas os interlúdios dramáticos, e a pífia tentativa de incluir um romance “proibido”, levam o filme para baixo. Não ajuda também o desfile de moda conceitual dos deuses. É preciso mais para fazer um filme grandioso. E, se vai inventar sobre personagens já tão bem estruturados como os da mitologia grega, que faça direito. Singh já está com outra produção em andamento, uma das duas adaptações da história da Branca de Neve, com o sugestivo nome de Mirror Mirror e Julia Roberts como a Rainha Má. Vamos esperar que ele se recupere com esta nova tentativa.

Um comentário:

Rose Domingues disse...

O roteiro não está muito bom, meu filho tem 12 anos e estuda muito sobre mitologia e achou meio 'sem noção', mas é um filme interessante, diferente...