27 janeiro, 2012

Os Homens que Não Amavam as Mulheres (The Girl With The Dragon Tatoo)

Quando o cara é bom, o cara é bom. Temos que reconhecer: David Fincher não cometeu muitos erros na sua carreira. Nos oito últimos filmes que dirigiu, há apenas um mais fraquinho, O Quarto do Pânico, que ainda assim não é de todo ruim. E tem muitos acertos que mais que compensam essa derrapada, incluindo a obra prima O Curioso Caso de Benjamin Button. Sua versão de Os Homens que Não Amavam as Mulheres, a primeira história da trilogia Millenium, do escritor sueco Stieg Larsson, é excelente.

Tive o prazer de ler toda a trilogia, muito bem escrita por sinal. Tive a chance de assistir também o primeiro filme na versão sueca - os outros, sabe-se lá por que, não foram lançados aqui, nem em DVD. O filme sueco, curiosamente, é fraco. Bem fraco, aliás. Pouco do clima do livro é resgardado, o que é uma pena. Então fiquei animado ao saber que Fincher faria a versão hollywoodiana. Felizmente, estava certo, supera com larga vantagem o sueco, num novo exemplo de versão, não de remake, já que as mudanças entre um filme e outro são muitas e claras. A maioria das mudanças em relação ao livro é compreensível e apreciada para a telona, mas não todas. Correndo o risco de cair em um spoiler aqui, não gostei de ver algumas coisas do segundo livro já ditas no primeiro filme, nem da forma como a relação Salander-Blomkvist se desenvolve - faltam coisas essenciais para a confiança que Mikael consegue conquistar em Lisbeth, e que é crucial para a história que segue nos livros seguintes.

Inicialmente não fiquei muito satisfeito com Daniel Craig no papel principal, mas sou obrigado a dar o braço a torcer. Salvo o fato de que ele é um tanto mais atlético que o personagem do livro, todo o resto ele faz muito bem. Mas, claro, é Roonei Mara quem domina. E não se enganem, as incríveis mudanças físicas exigidas para a personagem não adiantariam nada com uma atuação fraca. Não apenas Mara realmente colocou todos aqueles piercings, ela também vestiu completamente a pele de Lisbeth Salander. Tudo que falta à personagem, falta ao roteiro - as mudanças que citei no parágrafo anterior. É preciso fazer justiça, entretanto, a Noomi Rapace, a melhor coisa da versão sueca. Ajuda muito esta versão também o fato de que todo o elenco de apoio foi escolhido com cuidado. Do excelente Christopher Plummer ao sueco Stellan Skarsgård, passando por Steven Berkoff e Robin Wright, todos estão bem.

O melhor da fita, entretanto, é o clima e o ritmo que Fincher imprime, capaz de manter a surpresa mesmo para quem lembra vividamente do livro, além de manter o espectador grudado na poltrona. A fotografia acinzentada e a edição acurada são ótimas, e a trilha, pesada demais para o meu gosto musical, encaixa perfeitamente bem. Mal posso esperar pelos próximos.

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