26 fevereiro, 2012

Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close)


Ninguém que não seja um estadunidense pode sentir de fato o abalo que foi os ataques de 11 de setembro de 2001. E, dentre eles, ninguém que não fosse um habitante de Nova York na época pode descrever o terror de ver um de seus marcos ser reduzido a escombros. O autor Jonatham Safran Foer resolveu ir ainda mais longe, passando a visão disso tudo a partir dos olhos de um menino com problemas de relacionamento interpessoal - não fica claro, como o próprio personagem fala, se ele possui de fato a Síndrome de Asperger. O menino, cujo único contato com o mundo vinha das aventuras que o pai criava especialmente para que ele vencesse todos os diversos medos que possui - medos ainda mais marcantes tratando-se de uma metrópole - perdeu seu principal pilar de sustentação quando o pai morre em uma das torres. Mas, felizmente, o filme é sobre o menino, não sobre a tragédia.

Foer, que escreveu o autobiográfico e excelente Uma Vida Iluminada - que também virou um ótimo filme - consegue entrar com muita habilidade na cabeça de Oskar, e nos faz viajar com ela. Ao tentar encontrar sentido num mundo desprovido dele, o garoto percorre uma travessia inimaginável mesmo para muitos adultos. Stephen Daldry deu um tratamento excelente ao roteiro de Eric Roth. O primeiro tem no currículo filmes profundos como As Horas, Billy Elliot e O Leitor, e o segundo escreveu obras rimas como Forrest Gump, Munique, O Bom Pastor e O Curioso Caso de Benjamin Button. O tratamento técnico é também bastante cuidadoso, ao explorar, nos sentidos que o cinema permite transmitir ao público, tudo que causa medo ao pequeno Oskar, e nos levar um pouco do seu desconforto com o mundo.

De novo, temos um exemplo de um provável garoto prodígio da sétima arte. Thomas Horn, em seu primeiro papel, já encara não apenas um personagem difícil como Oskar, como contracena em pé e igualdade com estrelas como Tom Hanks, Viola Davis e Max Von Sydow - numa interpretação exemplar. Tão Forte e Tão Perto tem todos os riscos de cair em um filme piegas e sentimentalóide, mas escapa deles com habilidade. O final, surpreendente, mostra também a habilidade do escritor Foer em conseguir sair de tudo que poderíamos pensar. A própria motivação do filme muda quando conhecemos seu desfecho. Isso, por si só, já vale o seu ingresso.

Nenhum comentário: