07 março, 2012

Drive (Drive)

 Filmes baseados fortemente em um único personagem são difíceis de fazer. O roteiro tem que estar muito redondo e, especialmente, o ator principal tem que ser dos bons, para segurar a barra. A oportunidade certa para o diretor Nicolas Winding Refn e o ator Ryan Gosling. Usando o ótimo roteiro de Hossein Amini, os dois conseguiram um filme que, se não agrada a todos, tem a excelência estampada.

Tudo gira em torno do Motorista - cujo nome nunca é revelado - e das múltiplas facetas da sua vida espalhadas por uma personalidade simples. Gosling, incrivelmente, tem pouquíssimas falas, considerando-se que faz o personagem principal. O que é mais um exemplo do grande ator que é, apesar de ainda ser um tanto esnobado por Hollywood. A fotografia mostra uma Los Angeles longe das praias, do sol e do glamour - mesmo nos trechos em que mostra um ambiente de produção cinematográfica. Um pouco mais de cenas noturnas e poderíamos considerar este um filme noir. O resto dos ingredientes está todo lá: o clima meio sinistro sempre presente, gângsteres e tramas que se entrelaçam, apimentados por violência gráfica bem colocada. O diretor Refn, no seu primeiro longa em que não é também o roteirista, coloca sua marca na telona.

Gosling contracena com nomes importantes como Carey Mulligan e a queridinha dos seriados Christina Hendricks - que na verdade, apesar de aparecer com destaque nos cartazes, faz apenas uma ponta. Junto a eles estão nomes quase esquecidos ou pouco usados como Ron Perlman, Albert Brooks e Bryan Cranston. Tudo na produção é espartano: elenco enxuto, poucos diálogos, uma trama relativamente simples. Mas não se enganem, estamos na presença da falsa simplicidade, aquela que só é conseguida com muito trabalho.

O estilo do filme, como disse, não vai agradar a todos. Não há grandes cenas de ação, também não há uma história incrivelmente complexa e cerebral. Não há cenas belíssimas, nem diálogos incrivelmente afiados. As qualidades estão todas na forma de tratar os poucos elementos à disposição, em tudo que não é dito nem mostrado, e na força da atuação de Gosling. Aqui, é mais do que suficiente.

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